(41) 3223-2570

   contato@spp.org.br

Compartilhar

Palavra do Especialista – Dra. Sandra Lúcia Schuler

julho 12, 2016 - Jorge

Nenhum Comentário

Gastroenterologista pediátrica fala sobre o Alerta Amarelo neste artigo. 

A médica Dra. Sandra Lúcia Schuler é a nossa convidada para falar sobre a Icterícia, inaugurando a sessão “A Palavra do Especialista”. Se você também tem uma contribuição científica envie-nos para apreciação. Veja o que ela diz:

A icterícia é uma condição comum em recém-nascidos, atingindo aproximadamente dois terços deles, representada pelo aumento da bilirrubina indireta (BI), que pode ser considerada fisiológica ou pelo leite materno, mas que pode ser confundida e, consequentemente, atrasar o diagnóstico de colestase (hiperbilirrubinemia direta-BD ≥ 2,0 mg/dL ou > 20 % da bilirrubina total – BT), que é sempre patológica.

A colestase é resultante da redução da síntese dos ácidos biliares ou do bloqueio (intra ou extra-hepático) da excreção dos componentes biliares para o intestino delgado, com aumento sérico da bilirrubina direta (BD).

A investigação diagnóstica precoce possibilita o tratamento clínico específico de determinadas afecções – sepse, galactosemia e frutosemia, entre outras -, bem como o da atresia de vias biliares.

A atresia de vias biliares (AVB) é uma afecção resultante de um processo obliterativo e fibrosante dos ductos biliares intra e extra-hepáticos devido a um processo inflamatório perinatal que apresenta evolução progressiva para cirrose biliar. Constitui, ainda hoje, a principal causa de indicação para o transplante hepático pediátrico. Apesar dos inúmeros esforços mundiais, o único tratamento disponível continua sendo o cirúrgico, conhecido como cirurgia – porto-enterostomia de kasai e suas modificações).

A divulgação de conhecimentos e/ou instrumentos (cartão colorimétrico/ escala cromática das fezes na carteira de vacinação-imagem 1) que facilitem o diagnostico da AVB é de extrema importância para o sucesso do tratamento cirúrgico. É fundamental  a idade em que a criança  se apresenta no momento da cirurgia. A drenagem biliar satisfatória é observada em até 80% daqueles submetidos à porto-enterostomia precocemente (até 8 semanas de vida), enquanto que essa taxa situa-se entre 10 a 20% nos lactentes operados além desta idade.

Os aspectos descritos enfatizam a importância da triagem do recém-nascido/ lactente com icterícia após o 14º dia de vida, com o uso da escala cromática das fezes  (hipocolia e/ou acolia fecal) e a coleta de sangue para dosagem das bilirrubinas (principalmente bilirrubina direta).

Nos casos de “fezes suspeita” e/ou bilirrubina direta aumentada, encaminhar para centros especializados.

Em alguns países, para a triagem de rotina da AVB, tem sido distribuído aos pais/ cuidadores um cartão colorido com uma graduação de cores de fezes.

A Sociedade Brasileira de Pediatria e o Grupo de Estudos em Hepatologia Pediátrica (GEHPed) lançou a campanha nacional “Alerta Amarelo” com o objetivo de chamar a atenção, inicialmente dos médicos pediatras, para o diagnóstico precoce da Atresia de vias biliares- imagem 2.

Imagem-1 Caderneta de Saúde da Criança-Ministério da Saúde, escala cromática das fezes, 2009

cats

Imagem-2 Campanha: Alerta amarelo (SBP).

 

alerta amarelo

Referências bibliográficas
Balistreri WF, Grand R, Hoofnagle JH, Suchy FJ, Ryckman FC, Perlmutter DH, et al. Biliary atresia: current concepts and research directions. Summary of a symposium. Hepatology. 1996;23:1682-92.
Bellomo-Brandao MA, Arnaut LT, Tommaso AM, Hessel G. Differential diagnosis of neonatal cholestasis: clinical and laboratory parameters. J Pediatr (Rio J). 2010;86(1):40-4.
Carvalho E, Ivantes CAP, Bezerra JA. Extrahepatic biliary atresia: current concepts and future directions. J Pediatr (Rio J). 2007 Mar;83(2):105-20.
Hadzic N, Verkade HJ. The Changing Spectrum of Neonatal Hepatitis.J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2016;21.
Jacquemin E. Screening for biliary atresia and stool colour: Method of colorimetric scale. Arch Pediatr.2007 Mar;14(3):303-5.
Kasai M. Treatment of biliary atresia with special reference to hepatic porto-enterostomy and its modifications. Prog Pediatr Surg. 1974;6:5-52.
Kieling CO, dos Santos JL, Vieira SM, Ferreira CT, Linhares AR, Lorentz AL, et al. Biliary atresia: we still operate too late. J Pediatr (Rio J). 2008;84(5):436-441.
Queiroz TC, Ferreira AR, Fagundes ED, Roquete ML, Penna FJ. Biliary atresia: evaluation on two distinct periods at a reference pediatric service. Arq Gastroenterol. 2014;51(1):53-8.
Verkade HJ, Bezerra JA, Davenport M, Schreiber RA, Mieli-Vergani G, Hulscher JB, Sokol RJ, Kelly DA, Ure B, Whitington PF, Samyn M, Petersen C. Biliary atresia and other cholestatic childhood diseases: Advances and future challenges. J Hepatol. 2016;6.

 

Jorge

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *